*não preciso dizer nada sobre o fato de o autor ser mascarado, né?
Explorar este vídeo me traz um turbilhão de sentimentos negativos, os quais considero praticamente inomináveis.
Após escutar tais demonstrações de ignorância, mais revoltante ainda foi ler os comentários sobre o vídeo. Comentários de pessoas que nunca refletiram sobre o assunto, e de outras que, como o autor, refletem com total ausência de amplitude do contexto.
É impressionante a forma com que as pessoas que abominam as causas LGBT, tentam reverter o quadro "opressor X oprimido". Outro dia li no Twitter o termo "homonazismo". Achei graça. Prefiro acreditar que quem inventou tal barbaridade não tem pleno conhecimento do que significa a palavra nazismo. O nazista é aquele que acredita tanto na supremacia de sua raça, que considera justa a anulação dos que julga inferiores, o extermínio das minorias. Nestas perspectivas, nunca vi homossexual algum se colocar como superior enquanto ser humano, aos heterossexuais.
Dizer que a defesa de causas LGBT visa privilegiar mais os gays do que os héteros é tão insensato quanto pensar que Jair Bolsonaro é um exemplo de defesa de direitos humanos.
Se a mídia tem exposto, bem ou mal, os dilemas que envolvem o PLC 122, o Kit anti-homofobia e os direitos à união estável de casais homoafetivos, e não tem exposto temas como bullying contra gordos, emos e demais vítimas, não é por privilegiar as causas LGBT, mas sim porque os movimentos que as defendem tem lutado por reconhecimento. Quem luta por reconhecimento, ainda que não conquiste a curto prazo, ganha espaço para expor seus propósitos e colher resultados futuros. As polêmicas que envolvem as causas LGBT não tiram espaço, em momento algum, de qualquer outro aspecto social que mereça atenção. O que falta não é espaço, mas sim vontade e coragem de expor ideais.
Não entrarei aqui, nos méritos de "influência na orientação sexual na infância", muito menos em conceitos de opção e orientação sexual, por que este assunto já está bem aprofundado em outros textos meus, e dos colegas blogueiros que sigo. Discutir isso com essa grande massa de homofóbicos é como explicar ao idoso com Alzheimer que sua bisavó não está mais viva.
Construir direitos humanos, lutar por eles, refletir sobre, debater e explorar os ideais exige indispensável empatia. É esta percepção do ser-no-outro, o principal aspecto que sofre a ignorância por parte dos que se afirmam não homofóbicos, e agem de forma contrária.
O Kit anti-homofobia tem o simples objetivo de aproximar o JOVEM da diversidade sexual, no sentido de construir o respeito ao outro de modo a diminuir a evasão escolar dos alunos que sofrem bullying e prevenir a intolerância e a homofobia na fase adulta. Ótima estratégia do MEC, e mérito não só do mesmo, mas das minorias que se fazem ser ouvidas. É o que todas devem fazer.
A mídia não investe tanto em conscientização contra racismo porque os negros já tem uma lei que criminaliza a discriminação contra eles, e nas escolas, durante todo o ensino básico, professores de história abordam a escravidão e a conscientização contra a discriminação de raça. Não estou dizendo aqui que campanhas contra o racismo sejam dispensáveis, apenas que já tem seu espaço conquistado. Todas as minorias que sofrem preconceito merecem a construção do respeito através de direitos humanos. Este merecimento exige dedicação, luta. É apenas isso que estamos fazendo, lutando.
Lamentável que alguns indivíduos sem sensibilidade crítica, tenham analisado nossos ideais como "armas contra a família". Se defender a família é ser conivente com crimes homofóbicos e ódio pelos semelhantes, estou vivendo num mundo contrário aos princípios que trago de berço. Considero o vídeo lamentável.
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